Você sabia que a dificuldade de se manter motivado principalmente frente á mudanças e tarefas onde a recompensa é longa e incerta pode ter explicações neurobiológicas? Pois é. Nosso cérebro (nosso sistema dopaminérgico) adora recompensas rápidas, grandiosas e que exijam o mínimo de esforço envolvido. Sendo assim, tendemos a inclinar nossos comportamentos para obter recompensas imediatas e rápidas, procrastinando ou desistindo de realizar tarefas onde a recompensa não está imediatamente atrelada ao esforço. Isso explica o grande número de pessoas que busca terapia com “problemas de motivação”.
Temos que tomar muito cuidado para não agirmos somente pensando na recompensa final. Se você decide se enveredar na execução de novas tarefas, mudanças comportamentais, novas atividades, cuidado para não se prender e vincular o sucesso daquilo apenas à recompensa final. Recompense o processo. Quando nós não recompensamos o processo nós superestimamos o quão custoso foi realizar aquela tarefa e superestimamos também a quantidade de tempo que demoramos para realizá-la. Isso ocorre porque a atividade dopaminérgica no nosso cérebro é capaz de nos levar a ter uma distorção de tempo (motivação = dopamina = predição de recompensa, lembram?).
E como então fazemos para recompensar o processo? Recompensar o processo é entender que realizar algo e conseguir realizar algo são as recompensas já.
Entender que o comportamento que você está se propondo a fazer/mudar é o correto a ser feito. É voluntariamente trazer a recompensa ao momento das execuções independente do final! Você arbitrariamente decide se recompensar pelo processo estar acontecendo e aí que está seu ganho! Quando você entende que a recompensa está no processo você mantém seu sistema dopaminérgico “gerando motivação”. Essa dopamina ao longo do processo o torna gostoso e fácil (fazer o difícil ficar fácil). Atribua recompensas fragmentadas ao processo e foque sua percepção na execução. Se manter motivado ao longo de processos nada mais é do que manter seu sistema dopaminérgico em equilíbrio.
Lembre, a recompensa final é muito importante! É ela que dá aquele boost para você começar, é seu kick-off. Mas mantenha as recompensas finais compatíveis, tangíveis. Metas absurdas tendem a tornar o processo desgastante, afinal se manter motivado não é “tão fácil assim”.