O Transtorno de Compulsão Alimentar

O Transtorno de Compulsão Alimentar

Ouço muito no consultório, principalmente de minhas pacientes mulheres, a frase “eu sou compulsiva com comida”, para episódios onde elas apenas estão descrevendo a ingestão de alguns alimentos com maior índice calórico. Mas, será que o transtorno de compulsão alimentar é isso? Apenas ingerir um pouco mais de “calorias”?

Para considerarmos um episódio de compulsão alimentar temos que observar os seguintes aspectos:

Ingestão, em períodos determinados, de uma quantidade de alimentos muito superior ao que a maioria das pessoas ingeriria sob as mesmas circunstâncias;

A nítida sensação de falta de controle ao comer, mas não conseguir parar ou controlar o que ingere.

Ao longo do episódio de compulsão alimentar a pessoa ingere uma quantidade tal de alimentos que a deixa desconfortavelmente “cheia”, come excessivamente mesmo na ausência de fome física, come rápido e geralmente sozinha pois, sente-se envergonhada e esconde seu padrão alimentar dos outros. Após o episódio, a pessoa é acometida por grande tristeza e culpa pelo descontrole, além de um sofrimento emocional acentuado, aspectos esses de suma importância para um diagnóstico.

Para falarmos de transtorno de compulsão alimentar devemos observar esses episódios ao menos 1 vez por semana, por pelo menos 3 meses.

O TCA está mais presente em pessoas com sobrepeso e obesos, mas pode aparecer em pessoas com peso “normal”.

Pacientes diagnosticados com transtorno de compulsão alimentar geralmente relatam prejuízos na qualidade de vida, alguns evitam ambientes onde outras pessoas os vejam comendo, alguns “programam” o episódio de compulsão e para isso deixam de lado compromissos sociais e obrigações. Alguns sentem vergonha do próprio peso e forma do corpo e se isolam, o que pode ser um agravante para que mais episódios aconteçam. Alguns pacientes têm como gatilho o afeto negativo* e usam o excesso de comida como escape, compensação ou punição.

Essa forma cíclica de viver gera grande sofrimento, mas saiba que com a terapia comportamental conseguimos excelentes resultados via psicoeducação alimentar, desenvolvimento de técnicas comportamentais para cada caso, desenvolvimento de habilidades emocionais e sociais para solução de problemas, autoaceitação e autoconhecimento, dentre outros.

Não deixe de buscar ajuda, sua alimentação não precisa ser o seu algoz.

* (afetonegativo é uma dimensão geral da angústia e insatisfação, o qual inclui uma variedade de estados de humor aversivos, incluindo raiva, culpa, desgosto, medo (Watson, Clark & Tellegen, 1988).

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